Pausa de, em média, trinta segundos a cada fala.

- O que você ainda está fazendo aí?

- Nada, nada de útil.

- Que há?

- Eu não sei. São sempre as mesmas respostas, nenhuma delas é sincera.

- Quais são as perguntas?

- Cale-se. Ouça. Eu não sei o que quero, só sei o que não quero. Não me pergunte o que não quero, porque são tantas coisas. Há tanta coisa, são tantas opções. Dia desses, um cantor famoso teve que mudar o seu nome artístico, porque ele já estava sendo usado por outro cara. Há tanta gente, tanta coisa. Mas parece que todos optam pelo mesmo. Eu quero inovar.

- Você exagera com suas manias de autenticidade.

- Cale-se e ouça. Eu não quero o que já há. O que há não me apetece. O que há é tão artificial, tão superficial. Quero intensidade. De que me adianta o caderno escondido na gaveta? De que me adianta ser um engenheiro bem remunerado, se eu queria mesmo é ser poeta? Não desses poetas que vemos por aí. Um poeta poesia. Um poeta que veste roupas só de uma cor, por um motivo muito lógico. Que vive entre flores, as mais belas. Que descreve cada coisa, cada detalhezinho com muita subjetividade, do ponto de vista que quiser.

- Se é isso.

- Não adianta. Não posso ser assim. O mundo em que vivo não me permite.

- Então.

- Então. Então tenho que optar pelo mesmo. Durante a minha vida toda, tive que fazer isso.

- Fuja.

- Quem é você?

- Você é que me trouxe até aqui. Agora vá, antes que o idiota acorde.

- Obrigado.


5 comentários:

merece um comentário...continue nessa trilha...mas não se esqueça...que as vezes nós queremos fazer a nossa própria trilha...isso é inovar...seguir por onde ninguém jamais seguiu...se perder é o melhor jeito de encontrar o desconhecido.

1/10/2008 10:33 PM  

Olá!! criei um blog esses dias e estou xeretando.. curti muito o seu! bem original..

parabens!

1/18/2008 11:39 PM  

Parece tanto; eu.

4/25/2008 2:37 PM  

nem sabia que já havia comentado, é engraçado que mesmo pensando o mesmo as coisas mudam tanto de uma hora pra outra.

Não sei porque, chorei enquanto lia o texto e continuo chorando agora.

Talvez eu saiba, é porque, é verdade... A gente acaba sendo obrigado a mudar; detesto isso, quero mudar se eu quiser e permanecer como sou, se eu quiser, não porque vão me julgar, e ao mesmo tempo, somos tão fracos pra não ligar a esses julgamentos e chantagens...

Nem dá pra configurar.

10/30/2008 2:41 PM  

Andei conversando com você um dia desses, foi?

6/03/2011 6:56 PM  

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